16 Nov Dupla tributação na CPLP impede comércio
Convenção para evitar dupla tributação de transacções e facilitar a mobilidade de bens e pessoas no espaço da CPLP pode ser o princípio de um verdadeiro mercado comum aos oito países.
A efectiva cooperação económica e empresarial entre os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não será possível sem uma revisão à tributação fiscal nas transacções entre Estados, bem como aos regimes que regulam a deslocação de pessoas e bens entre estes oito países.
Há muito que as possibilidades de negócio entre países da CPLP estão identificadas, mas os líderes das nações que constituem a aliança precisam de avançar para aquilo a que Francisco Murteira Nabo, presidente do Círculo de Reflexão Lusófona, chama de «convenção» empresarial e económica, segundo disse à margem da conferência ‘Fazer Negócios na CPLP’, organizada pela PwC, em parceria com o SOL.
A ideia, partilhada por todos os membros do painel da conferência, seria o de cumprir o quarto pilar da CPLP: a criação de um verdadeiro mercado comum baseado em negócios, que tirasse partido das regiões onde cada país da aliança está inserido.
Aproximar regimes fiscais
«Não é possível que as trocas comerciais entre dois países da CPLP sejam duplamente tributadas», alertou, por sua vez, Jaime Esteves, partner fiscal da PwC.
Mas se o ajuste fiscal é teoricamente improvável no actual contexto, a revisão e aproximação dos quadros legislativos nos países da CPLP poderá ter a sua quota-par-te de responsabilidade na alavancagem das trocas comerciais.
Face às dificuldades quando se trata de investir num mercado, desde logo territorialmente descontínuo, Francisco Mantero, presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e Cooperação, desafiou, no mesmo evento, os líderes da CPLP a criarem regimes fiscais como aqueles que são aplicados no Luxemburgo «para produtos de poupança e de investimento».
Na mesma linha, José Eduardo Carvalho, presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), relembrou relatórios da União Europeia, alertando para o «excessivo proteccionismo de alguns Estados-membros» no que respeita a barreiras alfandegárias, licenciamentos e adjudicações directas de empreitadas que muitas vezes terminam em subcontratações locais.
Não obstante as dificuldades e as diferenças encontradas nos países da comunidade, a CPLP como um todo é atractiva para cada um dos países que a integram – com excepção de Portugal, todos vão crescer nos próximos anos e têm ambiciosos planos de investimento.
Isaac Murargy, secretário-executivo da CPLP, alertou, porém, para um problema que persiste e cujos acordos de natureza selectiva em vigor «não resolvem»: a livre circulação de pessoas e de bens entre os países da CPLP. E admite que esta «é uma ameaça há muito diagnosticada», apelando à concentração de esforços para que se possa resolver.
Ricardo Rego, Sol
Fonte: http://www.portugalglobal.pt/PT/PortugalNews/Paginas/NewDetail.aspx?newId={1AE337A3-9497-45B1-99E0-27CE6B86298B}